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Universidade São Marcos |
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CAPÍTULO 1ON
Segundo
Miriam Bretzke no livro O Marketing de relacionamento transformando a organização
para competir em tempo real, São Paulo, 1992 é muito mais custoso para a
empresa conquistar um novo cliente do que mantê-lo.sqvid
Com o objetivo de superar os novos desafios de mercado, as instituições
financeiras têm direcionado suas ações principalmente em três direções:
Introdução de produtos e serviços inovadores
no portifólio ofertado, visando atrair novos clientes e reter os clientes
atuais;
Administração da carteira de clientes com o
objetivo de incrementar as receitas;
Reestruturação interna por meio de revisão de
processos e implantação de suporte tecnológico, visando melhor
atendimento ao cliente e custos menores.
Observando-se o direcionamento das ações gerenciais do setor, percebe-se
que a prática do Marketing de Relacionamento torna-se possível e fundamental
para enfrentar os novos desafios, principalmente por dois motivos:
Primeiro, o serviço prestado por uma instituição financeira implica
relacionamento prolongado que permite um alto grau de interação
empresa-cliente – entretanto, geralmente, as organizações não estão
estruturadas para acrescentar valor continuamente para seus clientes a partir
destas interações.
Segundo, as barreiras de mudança de fornecedor do serviço são baixas
– um cliente pode mudar facilmente de fornecedor caso esteja insatisfeito.
Justificam-se, portanto,
reflexões acadêmicas neste mercado, com o objetivo de apoiar o setor na busca
de alternativas produtivas de comercialização e de relacionamento com os
clientes.
1.2 O Conceito de Marketing de Relacionamento
Nesse contexto ambiental, surge a oportunidade para a
prática da estratégia de Marketing de Relacionamento que consiste na introdução
de um novo paradigma para as relações de troca no mercado. O Marketing de
Relacionamento enfatiza principalmente a necessidade de um relacionamento em
longo prazo com o mercado, em detrimento das práticas de transações com
objetivos de curto prazo, buscando a fidelização dos clientes.
Embora conceitos de parceria e contratos de longo
prazo já estejam sendo praticados há bastante tempo principalmente no mercado
industrial, a terminologia Marketing de Relacionamento surgiu com Berry, na
literatura de marketing de serviços, em 1983. O autor reconhece a fidelização
de clientes como forma de alcançar maior competitividade das empresas e maior
satisfação dos clientes. Berry definiu Marketing de Relacionamento como a atração,
a manutenção e – em organizações multiserviços – o realce (aumento) de
relacionamentos com clientes. Ele enfatizou que a atração de novos clientes
deveria ser vista apenas como um passo intermediário no processo de marketing.
Solidificar relacionamentos, transformar clientes indiferentes em leais e
servi-los é que deveria ser considerado marketing. (Berry: 1995).
Muitos autores têm buscado definir Marketing de
Relacionamento. Por algum tempo, O Marketing de Relacionamento foi considerado
uma abordagem que se referia somente às relações entre comprador e vendedor,
por meio das quais uma organização buscaria estabelecer, fortalecer e
desenvolver relações de longo prazo com clientes potenciais e atuais (Vavra:
1993, Berry: 1995, Sheth: 1992, Glazer: 1994, dentre outros). Evans e Laskin
(1994), por exemplo, definiram o Marketing de Relacionamento como “um processo
onde a firma constrói alianças de longo prazo tanto com clientes atuais e em
perspectiva, de forma que comprador e vendedor trabalham em direção de um
conjunto comum de objetivos específicos”. Segundo os autores, para que estes
objetivos sejam alcançados, deve-se:
Compreender as
necessidades dos clientes;
Tratar os clientes como
parceiros;
Assegurar que os
empregados satisfaçam as necessidades dos consumidores;
Prover os consumidores
com a melhor qualidade possível às necessidades individuais.
Entretanto, mais
recentemente, autores como McKenna (1993), dentre outros, alertaram para outros
relacionamentos relevantes para a oferta de valor aos clientes. Segundo esta visão
mais ampla, o Marketing de Relacionamento deve considerar todos os
relacionamentos que possam influenciar na satisfação dos clientes, tais como:
relacionamentos com fornecedores (fornecedores de bens e serviços),
relacionamentos laterais (concorrência, organizações não lucrativas,
governo) relacionamentos internos (unidades de negócios, áreas funcionais,
empregados), e relacionamentos com compradores (intermediários e consumidores
finais).
Sendo assim Sheth
(1994) define, de forma bastante completa e concisa, apresenta a seguinte definição:
“Marketing
de relacionamento envolve a criação e distribuição de valor através da
cooperação mútua e interdependência”.
A lógica da adequação da estratégia de Marketing
de Relacionamento em ambientes de grande turbulência como meio de buscar a
fidelidade dos clientes está na disposição das empresas em aprender de forma
contínua os clientes e realçar o relacionamento com a oferta crescente de
valor com base neste conhecimento (Day: 1994). A aproximação do Marketing de
Relacionamento com o Marketing de Serviço se deve ao fato de que o
relacionamento é um serviço prestado ao cliente e a sua natureza interativa
passa a ser a base para a oferta contínua de valor superior. McKenna presta uma
contribuição esclarecedora quando afirma que o Marketing de Relacionamento
deve se apoiar no conhecimento e na experiência:
“O
marketing baseado no conhecimento exige da empresa uma escala de conhecimento:
da tecnologia pertinente, da concorrência, dos clientes, das novas fontes de
tecnologia que podem alterar o ambiente competitivo e da própria organização,
recursos, planos e formas de fazer negócios”.
“O
marketing baseado na experiência enfatiza a interatividade, a conectividade e a
criatividade. Com esta abordagem, as empresas se dedicam aos seus clientes,
monitoram constantemente seus concorrentes e desenvolvem um sistema de análise
de feedback que transforma essa informação sobre o mercado e a concorrência
em uma nova e importante informação sobre o produto”.
O Marketing de
Relacionamento pressupõe, conforme foi sugerido por McKenna (1993), a
interatividade, a conectividade e a criatividade, para que o cliente realmente
possa ser parte da estratégia da organização no planejamento de produtos e
serviços de valor em um processo dinâmico e contínuo. Ações de marketing não
comprometidas com o feedback de mercado não estão alinhadas com a estratégia
de Marketing de Relacionamento. O feedback dos clientes desenvolve a capacidade
dos administradores de terem intimidade com o mercado, a ponto de poderem prever
as reações destes diante das mudanças ambientais (Evans e Laskin: 1994).
No plano tático, o
Marketing de Relacionamento toma forma por meio das parcerias que são
estabelecidas com clientes e com todos os agentes que influenciam em sua satisfação,
bem como por meio dos programas de relacionamento sustentados por bancos de
dados de marketing (database marketing), utilizando-se da comunicação direta e
interativa (malas diretas, telemarketing, computadores) para acessar os
clientes.
Segundo Stan Rapp (1991), as
ações táticas da prática do Marketing de Relacionamento sustentadas em
bancos de dados, permitem:
§
Diálogo com o cliente através dos meios que se
utilizam para o feedback, tais como: a análise dos padrões de feedback e dos
históricos de compras; implantação de hot lines - os sistemas de atendimento
ao consumidor: análise das cartas dos clientes; pesquisas formais e informais.
O aprofundamento na
base de clientes. Programas de continuidade, de afinidade, de aumento de
volume de vendas, tais como: cross selling (venda cruzada) ou upgrade
(intensificação do volume, valor ou freqüência da compra).
Trabalhar nichos de
mercado com eficiência e lucro. Através das informações no banco de
dados é possível encontrar nichos de mercado e viabilizar a atuação
nestes nichos, vencendo a barreira do tamanho do mercado e a perda de
economia de escala.
Maior controle sobre o
Canal de Distribuição. Oferecendo
melhores informações sobre o público-alvo, permitindo melhorar a adequação
da oferta.
O marketing mais
contabilizado. Trata-se da capacidade de mensurabilidade do sistema e da
capacidade de controle das variáveis que influenciam as respostas.
1.3
Os
benefícios do Marketing de Relacionamento
É comum o questionamento
quanto aos benefícios do Marketing de Relacionamento para a empresa. Autores
como Berry (1995), Evans e Laskin (1994), Storbacka, Stanvik e Gronroos (1994),
dentre outros, afirmam os seguintes resultados positivos:
maior qualidade de produtos e serviços;
maior satisfação do cliente;
lealdade do cliente;
maior lucratividade.
A maior qualidade de
produtos e serviços é alcançada através do conhecimento do valor demandado
pelo cliente. A oferta de valor adequado leva à maior satisfação e maior
probabilidade para a manutenção de um relacionamento de longo prazo. A
lealdade, por sua vez, leva à maior lucratividade.
Berry (1995) destaca que o
impacto da lealdade sobre a lucratividade deve-se não somente à geração de
maior receita por mais tempo, mas acontece também porque a retenção de
clientes custa menos do que conquistar novos clientes. O autor relata uma
pesquisa realizada por Reichheld e Sasser (1991), na qual os resultados mostram
que a redução da perda de clientes em 10% dobrou a média de duração do
relacionamento do cliente com a empresa de cinco para 10 anos e mais que dobrou
o valor presente de lucros cumulativos de $135 para $300. Se a taxa de perda de
clientes declinasse para 15%, a duração do relacionamento dobraria novamente e
os lucros aumentariam em 75% - de $300 para $525.
Glazer (1991) destaca que a
lealdade dos clientes resultante de um relacionamento permite uma base maior de
conhecimento do cliente. E, explorando-se esta base de conhecimento, é possível
alcançar maior lucratividade devido à possibilidade de maiores receitas com
transações futuras, custos menores das transações e até mesmo da venda da
informação.
Segundo o autor, as maiores
receitas com transações futuras resultam de:
Aumento do número de
transações;
Habilidade de vender
unidades adicionais ou produtos complementares;
Habilidade de praticar
preços mais elevados;
Habilidade de prover
serviços customizados.
Os custos reduzidos de transações futuras resultam,
por exemplo, de:
Programas de comunicação
mais eficientes;
Distribuição mais
eficiente: estoques, entregas etc.
Os benefícios do Marketing de Relacionamento para o cliente consistem em:
§
Obtenção contínua ou
periódica de serviços que são pessoalmente importantes e customizados às
suas necessidades;
§
Redução do risco da
compra, por já conhecerem o fornecedor;
§
Oferta benefício social
(status) por estarem recebendo um serviço personalizado;
§
Maior bem-estar e
qualidade de vida, por facilitar o processo decisório de compra, principalmente
quando se trata de situações tais como, adquirir um produto ou serviço mais
complexo, que envolva o ego dos clientes ou riscos financeiros (Berry: 1995
Bitner: 1995).
O relacionamento é o
fator-chave de sucesso para a diferenciação da oferta no mercado, uma vez que
a oferta de valor só é possível por meio do conhecimento adquirido. A estratégia
de Marketing de Relacionamento, portanto, possibilita a oferta contínua de
valor superior, trazendo um grande potencial de benefícios tanto para o
fornecedor quanto para o cliente.
1.4 Regras Básicas para Fidelização
de Clientes
As regras básicas, segundo Stan
Rapp, o autor de Maximarketing II, São Paulo: McGrowHill, 1991, para a fidelização
de clientes consistem em:
a) Desenvolver um ciclo de comunicação com o
cliente.
Isto
significa que se deve ter uma estratégia de comunicação, onde as ações para
os clientes sejam planejadas desde o contato inicial e se finalizem buscando
obter uma resposta do cliente, dentro de um período pré-estabelecido. Esse período
depende do produto, do tipo de cliente e dos objetivos da empresa.
b) Fazer coisas juntas.
Este
é o melhor meio de interação entre empresa e cliente, mas de difícil
implementação. São poucas as atividades que a empresa pode realizar com seus
clientes. Um dos melhores exemplos se encontra no mercado
"business-to-business" quando empresa e clientes desenvolvem pesquisa
em conjunto.
c) Ouvir cuidadosamente.
Esse
aspecto está ligado ao serviço de "Customer Service" (atendimento ao
cliente), que ao registrar as reclamações e sugestões pode ser pró-ativo na
solução de problemas. Outra maneira de ouvir cuidadosamente consiste em
empregar as técnicas de pesquisa como "Focus Group" para buscar
conhecer as necessidades, percepções e desejos dos clientes. Ouvir os
fornecedores também é bastante produtivo e cria relacionamentos estáveis.
d) Pesquisar respeitosamente.
A
base do aperfeiçoamento de um Database
Marketing está em desenvolver pesquisas sistemáticas junto à base
de clientes. Mas deve ser feita de tal forma que não irrite o cliente e sempre
que ele se dispuser a cooperar deve-se recompensá-lo emocionalmente ou com
algum tipo de benefício, como, por exemplo, um pequeno brinde.
e) Descobrir a força da propaganda de resposta
direta.
A
propaganda de resposta direta permite que o cliente se comunique em busca de
mais informações ou declare sua opinião sobre a empresa, a própria
propaganda ou empreenda a ação incitada. Como o próprio nome indica o cliente
pode se comunicar com a empresa iniciando o relacionamento.
f) Transformar compradores em adeptos.
Segundo os modelos de decisão, um cliente torna-se um adepto do produto após a segunda compra. O processo de adoção é muito importante porque irá auxiliar no planejamento do ciclo de comunicação. Isso quer dizer que o ideal é que o ciclo de comunicação transforme o cliente em adepto e, portanto considere o tempo de recompra para calcular o período de sua duração.
Esta é
uma página que integra o Trabalho de Conclusão de Curso sobre CRM - Satisfação
de Clientes.
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